Iámos sós pela floresta amiga,
Sob o incenso da Lua que se evola,
Olhos no céu, modesta rapariga!
Como as criança ao sair da escola
Em teus olhos já meigos de fadiga,
Semicerrados como o olhar da rola,
Eu ia lendo essa balada antiga
Duns noivos mortos ao cingir da estola...
A Lua-a-Branca, que é tua Avozinha,
Cobria com os seus os teus cabelos
E dava-te um aspecto de velhinha!
Que linda eras, o luar que o diga!
E eu compondo estes versos, tu a lê-los,
E ambos cismando na floresta amiga...
António Nobre