"O refeitório era uma grande sala sombria, de tectos baixos. Sobre duas longas mesas fumegavam duas terrinas, que, com grande consternação minha, deitavam um cheiro nada apetitoso. Vi uma geral manifestação de descontentamento quando os vapores do repasto chegaram às narinas daquelas que estavam condenadas a comê-lo. Na vanguarda da procissão, as raparigas mais velhas da primeira classe rosnaram:
- Que espiga! Temos a sopa outra vez esturrada!
(...)
A minha fome era tão grande que devorei uma ou duas colheres do meu prato sem lhe tomar o gosto; mas, uma vez o primeiro apetite aplacado, vi que o que tina diante de mim era uma coisa nauseabunda. Sopa esturrada é quase tão detestável como batatas podres. Até a fome a recusa... As colheres agitaram-se lentamente: vi cada aluna provar a sua parte fazendo o possível por engoli-la, mas quase todas desistiram em breve. O almoço estava no fim e ninguém tinha almoçado."
Jane Eyre, Charlotte Bronte, Difel, 2004