Um ano depois de "Revolutionary Road" (1961), Richard Yates publicou uma colectânea de contos: "Onze Tipos de Solidão", género a que regressaria em 1981 com "Liars in Love". Yates nunca conseguiu repetir o êxito da obra de estreia, mas os romances e contos que escreveu formam um conjunto coerente e equilibrado: seguem uma estética estritamente realista e uma orientação muitas vezes autobiográfica, nascem de uma construção meticulosa de cenas e personagens e revelam um acentuado gosto pelos diálogos banais e os detalhes significativos. Tanto os romances como os contos se circunscrevem a um universo remediado, medíocre, comovente, com variações sobre diferentes 'tipos de solidão', que são também diferentes formas de humilhação.
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Estas histórias americanas da década de 50 opõem sempre a realidade do fracasso à mitologia do sucesso, conceito dominante da América de Einsenhower. Alguns dos protagonistas de "Onze Tipos de Solidão" vêm do tempo da guerra, mantêm um certo orgulho antiquado, uma ideia de integridade, mesmo que possam ser por vezes quase mitómanos. Mas nestes contos aparece sempre qualquer coisa nova, qualquer coisa que muda, que se rompe, que irrompe. E não é só o avanço narrativo que cria esse ambiente de tensão, são os pequenos sinais, a conversa de circunstância, um gesto desajeitado, uma bebedeira loquaz.
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Todos os 11 contos são cuidadosamente carpinteirados, às vezes previsíveis, às vezes tocantes, e sempre genuínos.
Texto
Pedro Mexia