Tornou-se um lugar comum comparar Alice Munro (n. 1931) com Tchékhov: partilham o gosto pelo realismo lírico, pela inovação que rejeita o experimentalismo e pela supremacia do mundo interior das personagens sobre a construção do enredo. É a atenção à vida secreta das protagonistas que lhe permite revelar tanta coisa através de contos onde aparentemente muito pouco acontece. O elemento autobiográfico é determinante nas suas histórias que analisam as distinções de classe e costumes típicos da sociedade canadiana dos anos 60: as protagonistas são, como ela, dotadas de uma invulgar capacidade de observação e ironia. Demasiada Felicidade reúne 10 contos inéditos da vencedora do Man Booker Prize 2009.
LAE
Alice Munro
Demasiada Felicidade, Relógio D'Água, 2010