Colaborou ainda, embora esporadicamente, na revista Seara Nova, havendo quem a veja como percursora, tal como Irene Lisboa, do movimento de emancipação da mulher. Parafraseando António José Saraiva e Óscar Lopes, em História da Literatura Portuguesa: Florbela estimula e antecede o "movimento de emancipação literária da mulher" que romperá "a frustação não só feminina como masculina, das nossas opressivas tradições patriarcais..." Os dois autores classificam-na de "sonetista com laivos parnasianos esteticistas" e "uma das mais notáveis personalidades líricas".
Também Irene Lisboa se baterá toda a vida pela não discriminação da literatura feminina, tratada como arte secundária ou menor, levando-a a afirmar: "Mulheres! Nos tempos que correm, de vós as mais lidadas e as mais ouvidas, a uma tarefa vos devíeis dar: a de derrubar o preconceito de que há uma arte feminina, arte de mulheres, diferente da dos homens. Ainda não percebi que bases tem uma tal arte. Nem até o que chega a significar intelectualidade feminina, inteligência de mulheres, distinta da dos homens. Distinguir, como se tem pretendido, arte feminina de arte masculina, parece-me coisa bem temerária e difícil. (...) E assim teríamos intelectualmente dividido o mundo em feminino e masculino. (...) Mente feminina (irracionalista) e mente masculina (racionalista)..."
Irene Lisboa mencionará em Solidão: "Pus-me a ler os sonetos da Florbela, que há muito tempo não lia. Esta mulher é realmente uma parnasiana, lasciva e medida. É uma delicada trabalhadora do verso e uma sensualista. A sua dor é radiosa, iluminada, coerente e elegante."
Dá-se também no período de Junho de 1916 a Abril de 1917 a troca de correspondência com Júlia Alves, colaboradora da revista Modas e Bordados, a quem envia vários poemas e a quem revela intimidades, apesar de nunca se terem encontrado pessoalmente, só se conhecendo uma à outra por fotografia.
Cadernos Biográficos De Personalidades Portuguesas Do Século XX Número 6
Florbela Espanca, A Poetisa Do Amor 1894-1930
Jornal Público, 2008