Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Alexandre O'Neill
É pertinente iniciar este espaço com a escolha peculiar de um poema, da autoria de Alexandre O'Neill.
O pressuposto deste espaço, na minha óptica, envolve nomeadamente o campo ou domínio da palavra, visto que, através da linguagem, o Homem relaciona-se com as forças da natureza.