Todos os locais têm uma alma própria que vai para além do que objectivamente podemos dizer ou fazer deles. E essa alma é sempre uma construção feita por mão de artista que observa, elabora e recria.
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Não teríamos a mesma São Petersburgo sem a imaginação frenética de Dostoievski. Teríamos decerto menos de Nova Iorque sem a prosa de John dos Passos no seu Manhattan Transfer. E Paris não seria bem Paris sem Balzac ou Victor Hugo. Quer dizer Londres então? Conseguiríamos imaginá-la sem a pena e as personagens de Dickens? De onde vem a imagem da cidade misteriosa e envolta em nevoeiro - o célebre smog - senão da imaginação de Conan Doyle e desse extraordinário cavalheiro que se «chamou» Sherlock Holmes?
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José Jaime Costa
Volta Ao Mundo, Número 182, Dezembro de 2009, Global Notícias, Publicações, S.A.