Procuro desesperadamente as armas do meu tempo.
Precisava de uma enxada mais do que da pena
precisava de cavar até ao fundo
até ao fundo do meu tempo
desenterrar as palavras em ruínas
e perguntar-lhes pelas palavras
pelas armas do meu tempo.
Precisava de uma enxada mais do que da pena.
Precisava de uma espada.
Manuel Alegre
O Canto E As Armas, Poesia - Nosso Tempo, Coimbra, 1974